quinta-feira, 13 de agosto de 2009

(Resumo) Corpo e identidade na poética de Antunes

Antônio Fernandes Júnior – UFG/CAC
tonyfer@uol.com.br

A poesia de Arnaldo Antunes produz-se em um interstício de linguagens, envolvendo as experiências do poeta com a palavra cantada (o rock), com a poesia visual, com as artes plásticas, com a poesia concretista, com a vídeo-poesia, para citar estes exemplos. Esse entrecruzamento de linguagens, tão característico da poesia de Antunes, configura-se como um espaço capaz de oferecer diferentes leituras sobre a realidade sociocultural, tornando-se um campo de observação privilegiado sobre diversas questões, como, por exemplo, a subjetividade. Além da mistura de códigos, percebe-se, na obra deste poeta, a criação de expressões lingüísticas (fusão de palavras, deslocamentos lexicais, quebra de palavras, etc.) que surgem do experimentalismo com a linguagem para instaurar uma nova situação, seja ela de classe social, sexo, identidade cultural, etc. Tal estratégia discursiva possibilita reflexões sobre a condição do sujeito no contexto atual, seja pelas relações entre sujeito e espaço urbano, seja pelas as construções identitárias pelas quais os sujeitos se reconhecem. Assim, considerar o discurso, segundo Foucault (1995), como um campo de regularidade para diversas posições de subjetividade, leva-nos a refletir sobre as diferentes posições do sujeito adotadas nos poemas de Antunes, sejam elas voltadas para o erótico, passando pelo corpo e pela sexualidade, seja para o sujeito e sua relação consigo e com o que o cerca. A questão que se coloca é, então, quais são as metamorfoses do sujeito e da linguagem na obra desse poeta? No entanto, como não temos a pretensão de esgotar o assunto, destacaremos alguns poemas para desenvolver este estudo, com o objetivo de evidenciar alguns caminhos e/ou descaminhos da subjetividade na obra do referido poeta. Nossa proposta será a de observar como determinados procedimentos de construção lingüística e posições-sujeito adotadas criam efeitos identitários específicos, sobretudo, no tocante a relação corpo/subjetividade.

Nenhum comentário: