quinta-feira, 13 de agosto de 2009

(Resumo) Discurso e memória na escrita confessional de Lori Lamby, em O caderno rosa de Hilda Hilst

Jaciane Martins Ferreira (UFU)
Email: ferreira_jaci@hotmail.com

O Caderno Rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst, se constitui no corpusde nossa pesquisa de mestrado. Esse Livro traz a história de uma garota de oito anos que relata suas possíveis experiências sexuais em um diário, seu caderno rosa. Ao laçarmos nosso para a obra em foco, percebemos que se trata de uma escrita confessional. De acordo com Foucault (1998), no século XVII, a confissão foi imposta, pela igreja católica, como um meio de controle tornando-se, assim, uma maneira da igreja saber o que se passava com as pessoas, inclusive no que diz respeito aos prazeres. A partir desse momento o sexo começou a ser discursivisado. Nesse sentido, poderemos verificar a construção da sexualidade como objeto histórico e produção de saber, analisando os procedimentos de controle e resistência na obra. Pensando sobre a maneira como a memória pode ser recuperada, por meio de imagens evocadas a partir da justaposição de discursos, buscaremos suporte nas reflexões de Courtine (1999), que rearticula, na direção apontada por Michel Foucault, os cruzamentos lingüísticos com a história. Para nossa análise, partiremos da identificação dos enunciados nos extratos a serem analisados, para tanto, usaremos os postulados de Foucault sobre enunciado. Considerando um conjunto de signos como enunciado, é preciso que a posição do sujeito-enunciador seja assinalada; nesse sentido, uma palavra ou frase pode ser usada da mesma maneira em momentos diferentes podendo ser determinada como diferentes enunciados. Tendo, então, uma formulação do enunciado, que aponta para uma posição sujeito sócio-historicamente marcada, não se trabalha com a relação entre autor e obra, visa, de acordo com Foucault, a determinar a posição que pode e deve ocupar cada indivíduo para ser sujeito. Em seguida, refletiremos sobre a memória a partir do que tais enunciados trazem à tona; para tanto, nos basearemos no conceito de memória discursiva, proposto por Courtine, como o que se estabelece devido a uma existência histórica do enunciado no interior de práticas discursivas e possibilita-nos alcançar uma maior interpretação do enunciado a ser lido.

Orientação: Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes

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