domingo, 8 de novembro de 2009

O Desdobrar de imagens: Questões de discurso e representação, por Janaina de Jesus Santos


No dia 16 de Outubro deste ano, Janaina de Jesus Santos ministrou uma palestra sobre o texto "Isto não é um cachimbo", de Michel Foucault. Janaína possui graduação em Licenciatura Plena em Letras pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (2000). Especialização em Lingüística aplicada ao Ensino do Português (2006). É Coordenadora Pedagógica do Museu Regional, Assistente de Pesquisa do Grupo de Estudos sobre o Discurso e o Corpo, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e professora na Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Atualmente, cursa Mestrado em Estudos Lingüísticos na Universidade Federal de Uberlândia e participa do Grupo de Pesquisa em Análise do Discurso - GPAD. Esta palestra tratou sobre questões relacionadas ao discurso e representação, conforme Foucault em "As palavras e as coisas".

O DESDOBRAR DE IMAGENS:

Questões de discurso e representação


Janaina de Jesus Santos (UESB/ UFU/LEDIF/GRUDIOCORPO)


Ao analisar o quadro geral da idade clássica, Foucault (2002a) problematiza o universo da ordem e da representação. Uma época em que as palavras e as coisas se distanciam: as coisas não mais falam, nem guardam uma verdade secular; são, antes, tomadas como signo no domínio dos conhecimentos empíricos, em detrimento de uma semelhança. O mundo deixa de ser texto indefinidamente interpretável. A relação do signo com o conteúdo não mais é assegurada na ordem própria das coisas, e sim no liame entre a idéia de uma coisa e a idéia de uma outra. Isto é, não há sentido no mundo, anterior ou exterior ao signo. “Eis, pois, os signos, libertos de todo esse fervilhar do mundo onde o Renascimento os havia outrora repartido. Estão doravante alojados no interior da representação, no interstício da idéia, nesse tênue espaço onde ela joga consigo mesma, decompondo-se e recompondo-se.” (FOUCAULT, 2002a, p. 93)

Seguido do abandono da interpretação e do estabelecimento da ordem, temos uma cientificidade empirista que fala da possibilidade e da impossibilidade da representação. Tenta-se definir a positividade em termos matemáticos, tentando aproximar os seres e criar um inventário de tudo nas ciências humanas que seria matematizável (FOUCAULT, 2002b).

No século XIX, a teoria da representação desaparece como fundamento geral de todas as ordens possíveis, a linguagem deixa de ser um quadro espontâneo e primeiro das coisas, como suplemento indispensável entre a representação e os seres. De acordo com Foucault (2002b), as ciências humanas se constituem na forma como o homem se representa: “é esse ser vivo que, do interior da vida à qual pertence inteiramente e pela qual é atravessado em todo o seu ser, constitui representações graças às quais ele vive a partir das quais detém esta estranha capacidade de poder se representar justamente a vida.” (FOUCAULT, 2002b, p. 487)

Analisando a representação, Foucault (2006a) questiona como ela acontece no quadro do pintor René Magritte “Ceci n’est pas une pipe”. Inicialmente, propõe analisar o quadro como caligrama em que as palavras conservaram sua derivação do desenho e seu estado de coisa desenhada, em que as lemos superpostas a si próprias. Palavras desenhando palavras e formando, na superfície da imagem, uma frase que diz que isto não é um cachimbo, no deslocamento do texto para a imagem. Depois, pondera que em sendo o cachimbo representado, desenhado com a mesma mão e com mesmo instrumento que as letras do texto, ele é uma extensão das letras. E conclui que “A prévia e invisível operação caligráfica entrecruzou a escrita e o desenho; e quando Magritte recolocou as coisas em seu lugar, tomou cuidado para que a figura retivesse em si a paciência da escrita e que o texto fosse apenas uma representação desenhada” (FOUCAULT, 2006a, p. 252).

Assim, Foucault (2006a) conclui sobre o imperativo de fazermos leituras que ultrapassem as barreiras da decifração, para que analisemos nas possibilidades de sentido do texto, além do próprio texto, uma vez que no próprio ato de ler a forma se dissipa, desenrolando apenas o sentido num processo situado no espaço e no tempo. Para quem o lê, o caligrama não diz a coisa representada, ele está demasiadamente preso na forma e dependente da semelhança. Por conseguinte, o caligrama não diz e não representa nunca no mesmo momento, sua leitura é sempre atualizada no seu acontecimento. A forma desenhada do cachimbo expulsa o texto explicativo ou designativo: “O caligrama desfez este interstício; mas, uma vez reaberto, ele não o restaura; a armadilha foi quebrada no vazio: a imagem e o texto caem cada um do seu lado, de acordo com a gravitação que lhes é própria.” (FOUCAULT, 2006a, p. 254). Texto em imagem de texto e imagem em texto.

A representação do real, por si mesma, é parte do real, não se constrói numa relação paralela ou independente. Mesmo ao pensarmos o cinema como lugar privilegiado para compreendermos o movimento discursivo, temos em vista que nunca vai alcançar o fato em si, será sempre uma representação do fato que se multiplica e presentifica a cada ato de análise. Portanto, a única forma de apreendermos o real é por meio de nossas percepções dele.


Referências

FOUCAULT, Michel. Repersentar. In: As palavras e as coisas. Uma arqueologia das Ciências Humanas. 8 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 63-105.

______. Isto não é um cachimbo. In: Michel Foucault: Estética: literatura e pintura, música e cinema. Ditos & Escritos. v. III. MOTTA, Manoel Barros da. (Org.). Trad. de Inês Autran D. Barbosa. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006. p. 247-263.


Para ter acesso ao power-point, apresentado por Janaína, clique aqui.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Observações sobre o corpo no conto de Hoffman: Profa. Dra. Lucia Ricotta


No dia 06 de outubro, a professora adjunta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Lucia Ricotta - graduada em História pela Pontifícia Universidade Católica/RJ, mestre em Literatura Brasileira pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e doutora em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica/ RJ - discorre sobre o corpo no conto O Homem da Areia, de Ernst Theodor Amadeus Hoffmann,emuma Conferência realizada pelo LABEDISCO no curso "Discurso e Corpo: imagens na mídia e naliteratura". Para situar os leitores perante o que foi discutido na Conferência, disponibilizamos um texto sucinto e logo em seguida, o próprio conto para aqueles que desejam ler e tê-lo em seu computador.


O Homem da Areia de Ernst Theodor Amadeus Hoffmann (1776-1822), cuja primeira publicação foi em 1817, pertence à tradição do Kunstmärchens, fairy tale, contos feéricos, visionários e está ligado ao maravilhoso, ao fantástico, ao anônimo, ao folclórico, porque tem uma referência forte em variantes de histórias populares orais. Por outro lado, também está ligado ao chamado Schwarzen Romantik (o romântico noturno, sombrio, enegrecido, tingido de negro). Nesse sentido, ele pode ser classificado como um Schauerroman, uma história de suspense. Então, o homem de areia é conhecido popularmente, como a própria babá do personagem do conto relata, como um homem malvado que aparece para as crianças travessas quando elas não querem ir dormir e joga nos olhos delas um punhado de areia, de forma que os olhos saltam do rosto sangrando; depois o homem de areia pega esses olhos das criancinhas travessas e os carrega para a lua, para alimentar seus rebentos. E lá seus rebentos empoleirados em seu ninho bicam, com seus bicos de coruja, os olhos das criancinhas travessas. Neste sentido, tem-se a questão da visão/clareza e visão/terror, visão/delírio imaginativo e desvario imaginativo = visão como engajamento poético na vida. Nesse texto, Hoffmann parece se fixar no tema do olho, na faculdade visual do olho, do olhar, da visibilidade, da aparência para revelar o quanto esses são sentidos enganosos, que baralham as fronteiras entre real e imaginoso ou ficção e realidade. Não existe uma visão pura, desprovida de paixão, de afecção que o mundo dos fenômenos pode nos provocar. Trata-se de uma visão do espírito. Mas não uma visão espiritualista, mas a visão animada do espírito, pelos poderes da mente do espírito. Uma visão que engendra outras visões daquilo que não está lá. Com isso, ele nos sugere que a visão do mundo exterior não é uma visão transparente, direta, imediata, mas trata-se de uma visão mediada pela mente, pelo espírito poético etc.

Portanto é possível pensar infância/pureza e perversidade; na questão das mediações e instrumentalizações; do sujeito que vive lançado sobre sua alma, que assujeita o mundo ao seu ponto de vista; do corpo como maquínico com vida e um corpo maquínico sem vida. O humano como maquínico, a inimaginável humanidade das máquinas, que, na verdade, está ligado à questão subterrânea sobre o que há de inumano e de inumanidade no homem ou no humano e a questão do estranho-íntimo. A dimensão do outro em nós, a dimensão do desconhecido, do soturno, sombrio que está ao lado da razão clara e distinta. Talvez isso explicaria porque o estranho, o abjeto (aquilo que é desprezível, baixo, ignóbil) causa-nos um magnestismo, no sentido de que somos atraídos por algo que não podemos conhecer.

A questão do estranho-íntimo como sublime: o estranho e monstruoso também estão ligados a uma dimensão do sublime, daquilo que não é passível de representação, que ultrapassa as faculdades de apreensão da razão humana, é maior que o homem, tem uma dimensão de ininteligível, nossas faculdades da imaginação, entendimento e razão não estão à altura dele, literalmente. O sublime, segundo Kant, torna nossa capacidade de resistência de uma pequenas insignificante em comparação com o seu poder. Não é possível conceitualizar o sublime terrificante, no entanto, não podemos resistir face à grandeza de impressões que ele nos provoca.

Os personagens:

1 – Natanael: protagonista completamente narcísico, cujo nome vem de natal (nascimento) e tânatos (o deus grego da morte). Freud vai interpretar tânatos como a pulsão de morte em contraposição à Eros, a pulsão da vida. Personagem completamente nebuloso que vive em meio a uma imaginação feérica, causada por uma espécie de trauma de infância, que veio da morte do pai. Completamente aterrorizado e ao mesmo tempo fascinado pelo homem de areia. Ver p. 115.

2 – Clara: noiva de Natanael, uma personagem lúcida, alegre, com idéias claras e distintas, que repreende a copiosa imaginação de seu noivo e representa uma espécie de limite à loucura imaginosa dele, aponto de ele a chamar de “autômato sem vida”: p. 122, 123 e p. 128.

3- Coppelius – um cara assustador, horripilante, desfigurado, deformado, o qual corresponde, do ponto de vista de Natanael, ao homem de areia. É um amigo do seu pai, que chega todas as noites na casa de Natanael, na hora em que a mãe leva os filhos para dormir. É o cara que faz com seu pai experimentos alquímicos. Ele representa o unheimilich: o estranho, o sinistro que fascina e aterroriza, ao mesmo tempo, é o estranho-íntimo, essa acho a melhor tradução. Ver p. 117, 118 e 119.

4- Coppola (nome italiano que quer dizer o côncavo do olho, Augenhöhle): é um vendedor ambulante italiano que vende barômetros, lentes, óculos, lunetas, um fatal vendedor. Nataniel confunde Coppola e Coppelius. Interessante que esses instrumentos da visão, que visam a aproximar, distanciar e instrumentalizar uma visão mais precisa e rigorosa do real, do detalhe realista é justamente o que vai embaralhar o espírito de Natanael, é justamente o que irá expor as formas invisíveis a seus olhos.

  • 5 - Olímpia (aquela que veio do olimpo; como uma espécie de escárnio ao clássico): Filha do professor de Natanael, que ele mais tarde descobriu que era uma autômata, uma boneca feita de mecanismos, e que se tornou o fundamento da loucura e insanidade de Natanael. Ela inspira o amor e a paixão inebriante e cega de Natanael, a ponto dela ser representada por ele como um autômoto com vida. A visão dos olhos dela, do ponto de vista de Natanael, é maior que todas as linguagens, dela emana a paixão que vai irradiar todos os pensamentos de Natanael, nela ele encontra todo o seu ser. P. 133 e 134
  • E o final: p. 145 e 146.
  • Ler passagem em que ele descobre que ela é um autômato. P. 142 e 143.
  • 6 – Lotar: o irmão de Clara
  • 7- Spalanzani: o pai de Olímpia.
Conto: O homem da areia

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Entrevistas Labedisco: Prof.ª Marisa Gama-Khalil

Nesta entrevista concedida ao Labedisco, a professora adjunta da Universidade Federal de Uberlândia Marisa Martins Gama-Khalil – graduada em Português e Literatura pela Fundação Educacional Unificada Campograndense/RJ, mestre em Letras Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Assis e doutora em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Araraquara – discorre, nesta primeira parte, sobre o discurso literário presente no conto “Fita verde no cabelo”, de João Guimarães Rosa (o qual, para maior compreensão, você pode ler aqui).

Na segunda parte da entrevista, a professora fala, ademais, sobre Língua e Discurso. Assista:

Conto “Fita verde no cabelo (nova velha história)” de João Guimarães Rosa; Numa leitura do conto de fadas 'Chapeuzinho Vermelho', Guimarães Rosa mostra a trajetória das fantasias de uma adolescente até o confronto com a morte de sua avó, quando 'mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez'. Como curiosidade, o conto ganhou o Prêmio Jabuti de Melhor Ilustração e Melhor Produção Editorial pela Câmara Brasileira do Livro e o Prêmio Adolfo Aizen da União Brasileira de Escritores. Eis a seguir o texto:

Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita inventada no cabelo.
    Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita - Verde  partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar fambroesas.
    Daí, que, indo no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido, nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então ela, mesma, era quem dizia: "Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou". A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
    E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto passa por elas passa. Vinha sobejadamente.
    Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
    - "Quem é?"
    - "Sou eu..." - e Fita Verde descansou a voz. - "Sou sua linda netinha, com cesto e com pote, com a Fita Verde no cabelo, que a mamãe me mandou."
    Vai, a avó difícil, disse: - "Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus a abençoe."
    Fita Verde assim fez, e entrou e olhou.
    A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar apagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: - "Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo."
    Mas agora Fita Vede se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
    - "Vovozinha, que braços tão magros, os  seus, e que mãos tão trementes!"
    - "É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta...." - a avó murmurou.
    - "Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados".
    - "É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta..." - a avó suspirou.
    - "Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?"
    - "É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha...." - a avó ainda gemeu.
    Fita Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez.
    Gritou: - "Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!..."
    Mas a avó não estava  mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.

ROSA, João Guimarães. Fita Verde No Cabelo (Nova velha história). São Paulo, 1964.

(Gleyson Lima)

Entrevistas Labedisco: Prof. Cleudemar Alves Fernandes

O Grudiocorpo, através do Labedisco (Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo), entrevistou o Prof. Cleudemar Alves Fernandes, professor associado da Universidade Federal de Uberlândia, líder do Grupo de Pesquisa em Análise do Discurso daquela universidade (GPAD/UFU/CNPq) e coordenador do projeto de pesquisa “Vozes ao infinito: práticas discursivas e constituição de sujeitos em textos literários”, que, neste primeiro vídeo, falou um pouco sobre o seu livro Análise do discurso: reflexões introdutórias e sobre o que entender por Discurso. Confira abaixo:

Ainda, o professor abordou o tema do Sujeito discursivo:

E discorreu também sobre formação discursiva:

(Gleyson Lima)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

(Resumo) Mídia e masculinidade: discursos mostrados nas propagandas

Wilson Fernando
Nilton Milanez

Resumo

Considerando a Análise de Discurso de linha francesa, propõe-se aqui o trabalho de estudar a mídia e o tratamento dado ao corpo masculino nas propagandas veiculadas na TV. O objetivo é perceber como a mídia enxerga e constrói as distinções entre o corpo masculino numa propaganda destinada a um determinado grupo de homens ligado ao setor econômico e a propaganda destinada a um nicho de mercado tendo o lazer masculino como alvo. Tenta-se visualizar o tratamento diferenciado que se é percebido no discurso enunciado de tais propagandas.

Palavras-chave: Discurso; mídia; poder; propaganda; homem.

(Resumo) Pornografia: Discurso e Corpo no site “Diário da putaria”

Lucilene Oliveira do Rosário (UESB)

Propomos discutir os dispositivos de saturação sexual na sociedade moderna, no qual estes se encontram como um mecanismo incitador e multiplicador em que são implantadas formas de sexualidade não conjugal, monogâmica ou heterossexual.  Há em nossa sociedade, um tipo de poder que incide sobre o corpo e o sexo, além de atrair variedades onde prazer e poder se ajustam. Neste sentido, pode-se falar das sexualidades múltiplas que constituem o correlato de procedimentos precisos de poder. Os comportamentos polimorfos foram consolidados nos corpos dos homens e dos seus prazeres. É através do avanço dos poderes que se fixam sexualidades disseminadas. Logo, a conexão entre sexualidade e poder se dá de variadas formas que garantem um lucro econômico, entre elas a pornografia.  Neste, prazer e poder se entrelaçam e se encadeiam através de mecanismos complexos de excitação e incitação. A nossa sociedade é constituída pela scientia sexualis e esta é de origem confessanda, na qual o sexo é tido como objeto de verdade. Tomaremos como corpus, portanto, o site pornográfico “Diário da Putaria” – especificamente, as publicações com título, textos curtos e fotos/vídeos, tomando como base os postulados da Análise de Discurso de orientação francesa, destacando os trabalhos de Michel Foucault.

Palavras-chave: Corpo, Discurso, poder, pornografia.

Perfil: PEREIRA, L. G.

Lyzânias Gomes Pereira é formada em Letras Modernas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e membro do Grupo de Estudos sobre o Discurso e Corpo (GRUDIOCORPO). Monitora do Projeto de Pesquisa e Extensão “Discurso e corpo: imagens na mídia e na literatura", desenvolvido pelo Prof. Dr. Nilton Milanez. (Departamento de Estudos Lingüísticos e Literários UESB).

Atualizado em 03/09/2009
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6048420106848382
E-mail para contato: euamopetra2@hotmail.com

Projeto de Pesquisa em andamento: “Conferência: Discurso Político e Memória”

Apresentações de Trabalho:

1. PEREIRA, L. G. ; CRUZ, F.G. . Crenças de Alguns professores em torno da aprendizagem de Língua Estrangeira. 2009. (Apresentação de Trabalho/Seminário).

2. PEREIRA, L. G. ; MARTINS, S.G.M.A. . Semana das Letras: Acelerando para o Vestibular. 2009. (Apresentação de Trabalho/Seminário).

Participação em eventos:

1. I SEMINÁRIO DE ESTUDOS EM LINGUA(GEM) E ENSINO (SELE). 2009. (Seminário).

2. X CONGRESSO DE PESQUISA E EXTENSÃO (CONPEX). 2007. (Congresso).

3. III Seminário de Pesquisa em estudos Linguísticos (SPEL) e III Seminário de Pesquisa em Análise do Discurso (SPADIS) (MONITORIA). 2007. (Seminário).

4. II SEMINÁRIO DE TEORIA E HISTÓRIA LITERÁRIA (SETHIL). 2006. (Seminário).

5. DISCUTINDO A SAÚDE DO TRABALHADOR NA PERSPECTIVA DA PREVENÇÃO. 2006. (Seminário).

6. II SEMINÁRIO DE TEORIA E HISTÓRIA LITERÁRIA (SETHIL) (MONITORIA). 2006. (Seminário).

7. MINICURSO: ASPECTOS DA POÉTICA: VERSIFICAÇÃO E FIGURAS DE DICÇÃO. 2006. (Outra).

8. II Seminário de Pesquisa em estudos Linguísticos (SPEL) e II Seminário de Pesquisa em Análise do Discurso (SPADIS). 2005. (Seminário).

9. AS IDEIAS REVOLUCIONÁRIAS DE CHOMSKY. 2005. (Outra).

Organização de eventos:

1. PEREIRA, L. G. ; Turma de Letras Modernas 2005.2 . I SEMINÁRIO DE ESTUDOS EM LINGUA(GEM) E ENSINO (SELE). 2009. (Outro).

(Evento) Discurso e Corpo: imagens na mídia e na literatura

Labedisco O curso Discurso e Corpo: imagens na mídia e na literatura se realizará no período de 27/08 a 17/11/2009, propondo estudos introdutórios sobre a Análise do Discurso, investigações sobre o corpo, suas relações de poder e saber tanto na mídia quanto na literatura, com o intuito de encorajar jovens pesquisadores discentes, apresentando pressupostos teórico-metodológicos do trabalho científico a partir dos estudos do discurso. As conferências do curso fazem parte dos estudos desenvolvidos no Labedisco/UESB – Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo, juntamente com as pesquisas do Grudiocorpo/CNPq – Grupo de Estudos sobre o Discurso e o Corpo, vinculadas ao projeto Discurso e Corpo: lugares de memória das identidades brasileiras na mídia e na literatura, na UESB, sob a coordenação do Professor Nilton Milanez. Para cada conferência o participante encontrará as referências bibliográficas que guiam o tema proposto, cuja leitura é essencial para o acompanhamento do curso. Muitos dos trabalhos propostos também contemplam as discussões da disciplina “Português Instrumental II”, no curso de Comunicação Social, e “Análise do Discurso”, no curso de Direito, para o período de 2009.2, na UESB. Contaremos, portanto, também com a Jornada Discurso, Crime e  Psicanálise. O curso se destina à comunidade acadêmica e interessados em geral, de Vitória da Conquista e região.

Programação:

1 Minicurso: Análise do Discurso no Brasil e na França: reflexões introdutórias
Ministrantes: Júnia Ortiz (PIBIC/CNPq), Camila Teles (PIBIC/UESB), Fernanda Rivera (PIBIC/FAPESB), Lucilene Oliveira (PIBIC/FAPESB)
Dia: 27/08/09, quinta-feira-feira
14h às 16h

2 Conferência: Discurso, corpo e pornografia: objetos literários e midiáticos
Ministrante: Profa. Ms. Letícia Tavares de Faria (CEFET/Urutaí)
Dia: 01/09/2009, terça-feira
14h às 16h

3 Conferência: Discurso político e memória
Ministrantes: Profa. Joseane Silva Bittencourt (Labedisco/UESB), Profa. Lysânias Gomes Pereira (Labedisco/UESB), Profa. Ramone Costa Santos
Dia: 22/09/2009, terça-feira
14h às 16h

4 Leitura de Édipo-Rei, de Sófocles
Membros do Grudiocorpo/CNPq
Dia 29/09/2009, terça-feira
14 às 16h

5 Minicurso : Prescrições da poesia trágica na ibéria seiscentista
Filme: Édipo-Rei, de Píer Pasolini
Ministrante : Prof. Dr. Cássio Roberto Borges (DELL/UESB)
Dia: 29/09/2009, terça-feira
18h às 22h

6 Conferência: Observações sobre o corpo no conto de Hoffman
Ministrante: Prof. Dra. Lúcia Ricotta (DELL/UESB)
Dia: 06/10/2009, terça-feira
14h às 16h

7 Conferência: Os sentidos entrecruzados da memória na mídia brasileira
Ministrante: Profa. Audinéia Ferreira da Silva (UESB); Profa. Beatriz Rocha (UESB), Profa. Gleicinara Botêlho Publio (UESB), Prof. Jeferson Lopes (UESB), Profa. Letícia Martins Freitas Rocha (Rede Particular de Ensino)
Dia: 13/10/2009, terça-feira
14h às 16h

8 I JORNADA DISCURSO, CRIME E PSICANÁLISE
Dia 17/10/2009, sábado
8h – 18h

8h as 8h15
Abertura: Prof. Dr. Nilton Milanez (Labedisco/DELL)

8h15 as 10h
Conferência 1: Discurso e Psicanálise: em torno de Édipo Rei
Ministrante: Profa. Dra. Maria das Graças Fonseca Andrade (DELL/UESB)

10h as 12h
Conferência 2: A palavra “crime” no código penal: uma análise à luz da semântica do acontecimento
Ministrante: Prof. Dr. Jorge Augusto Viana (DELL/UESB)

14h as 16h
Filme: Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão, de René Allio, 1976. (legenda em espanhol).

16h as 18h
Conferência 3: Corpo e violência: o controle das instituições sociais no caso Pierre Rivière
Ministrante: Profa. Dda. Lélia Reis (FTC)

9 Conferência: O corpo, suas técnicas e o saber-poder nas continuidades – dos escritos de Marcel Mauss, Foucault e Bergson
Ministrante: Profa. Cecília Pinheiro Freire Barros Cairo (Faculdade Juvêncio Terra)
Dia: 27/10/2009, terça-feira
14h às 16h

10 Conferência: Corpo e Imagens: esboços para uma história da beleza
Ministrante: Luara Pereira Vieira (Labedisco/UESB)
Dia 10/11/2009, terça-feira
14h às 17h

11 Conferência: Cuidados de si: uma leitura crítica sobre a presença negra na Bahia do Séc. XIX
Ministrante: Prof. Túlio Henrique Pereira (Mestrado/UESB)
Dia: 17/11/2009, terça-feira
14h às 17h

Inscrições:

As Inscrições devem ser feitas noLabedisco – Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo, módulo II, térreo (ao lado da cantina de D. Dalva), UESB, no horário das 14h as 18h ou pelo emaillabedisco@gmail.com, indicando nome completo, curso e instituição a que o participante se vincula.

Resumos e Referências

Contato

Mais informações em http://www.uesb.br/eventos/labedisco

Livros, Textos & Resumos

Livros (E-books):

Sófocles Édipo Rei

Textos de Michel Foucault*:

Além das fronteiras da filosofia
Ocidente e a verdade do sexo, O
Da amizade como modo de vida
Então é importante pensar?
Escolha sexual, ato sexual
Filósofo mascarado, O
Homem está morto, O?
Introdução à vida não fascista
Omnes et Singulatin - para uma crítica da razão política
Resumo do curso "O que é o Iluminismo?"
O que é a crítica? (Crítica e Aufklärung)
Ordem do Discurso, A
Sexo, poder e a política da identidade
Silêncio, sexo e verdade
Uma estética da existência
Técnicas de si, As
Verdade, poder e si

Textos dos pesquisadores:

Antonio Fernandes Júnior Identidade e subjetividade na poética de Arnaldo Antunes

Claudia Rejanne Granjeiro

O discurso político no folheto em folheto de cordel

Cleudemar Alves Fernandes

Resenha de “Michel Foucault e os domínios da linguagem – discurso poder, subjetividade”

Helcira Maria Lima

Imagens e discursos em torno do feminino: a reconstituição de uma identidade

Maria Aparecida Conti

O papel da história e da memória no (inter) discurso de uma canção

Maria de Lourdes dos Santos Paniago

Amar com severidade: práticas discursivas de subjetivação no centro-oeste do Brasil

Concepções linguagem e ensino de língua materna

Práticas discursivas de subjetivação em contexto escolar (Tese)

Vigiar e punir na escola: a microfísica do poder

Maria Regina Baracuhy Leite

Programa Universidade Solidária: Experiência de uma Equipe Multidisciplinar da UFPB no Município de Picuí-PB

Maria do Rosário Gregolin

Formação discursiva, redes de memória e trajetos sociais de sentido: mídia e produção de identidades

Nilton Milanez

Corpos imperfeitos: uma busca de identidades

O crazy world de Seeger

Memórias de si, Memórias dos outros

Sujeitos urbanos e saberes subjetivados (fragmentos sobre o discurso e o corpo na cidade)

Nilton Milanez & Maria da Conceição Fonseca-Silva

Corpo e escrita: memórias do sujeito e lugares de autoria

Roberto Leiser Baronas

A mão (in)visível do politicamente correto na língua

Bakhtin, Foucault e Pêcheux na Análise de Discurso: problema sociológico ou epistemológico?

Breve ensaio sobre “minha pessoa”: um caso de hipercorreção e/ou de ethos?

Resumos:

Ana Oliveira (UESB) Sujeito e Mídia: a construção do ‘pobre’ na TV
Antônio Fernandes Júnior ( UFG/CAC) Corpo e identidade na poética de Antunes
Camila Teles Barbosa (UESB)

Discurso de marketing: uma análise do corpo cultural através da sua comunicação de venda

Carolina Coelho Pinheiro (UESB) SuperNanny: O sujeito discursivo e a disciplinarização dos corpos
Fernanda Castro (UESB) O corpo como campo discursivo e a construção de identidades nas escolas do MST
Fernanda Fernandes Rivera (UESB) O discurso sobre o corpo velho: propagandas governamentais
Gleyson Lima Santos
(UESB)
Discurso e práticas jurídicas: materialidades discursivas em crimes de lesão corporal
Jaciane Martins Ferreira (UFU) Discurso e memória na escrita confessional de Lori Lamby, em O caderno rosa de Hilda Hilst
Jussara dos Santos Matos (UESB ) Doadores de órgãos: a construção da verdade em jornais impressos do Sudoeste da Bahia
Lucilene Oliveira do Rosário (UESB) Pornografia: Discurso e Corpo no site “Diário da putaria”
Renan Belmonte Mazzola (UNESP/CAR) Análise do discurso e ciberespaço
Sílvia Maria Alencar Silva (UESB) Troca de família: discutindo o conceito de família na contemporaneidade

__________________________
* Armazenados em http://www.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

(Resumo) Análise do discurso e ciberespaço

Renan Belmonte Mazzola – UNESP/CAR
Membro do GEADA (Grupo de estudos em Análise do Discurso de Araraquara) e do GRUDIOCORPO (Grupo de estudos sobre o discurso e o corpo)
Email: renanbm@yahoo.com

Nossa pesquisa, realizada na Unesp/Araraquara, sob a orientação da prof. Dra. Maria do Rosário V. Gregolin, tem como objetivo principal compreender o ciberespaço através do mirante da Análise do Discurso de linha francesa, derivada dos trabalhos de Michel Pêcheux (e de seu grupo) e dos diálogos que ele traça com Michel Foucault e Mikhail Bakhtin. Num primeiro momento da pesquisa, trabalhamos com um “retorno à teoria” da AD, resgatando as suas três épocas e entendendo como se deram as reformulações pelas quais passou desde sua emergência, em 1969, até seu último estágio – retratado nos textos posteriores à década de 1980. Procuramos compreender também o lugar que Michel Foucault ocupa no interior da teoria discursiva de Pêcheux. Fizemos, por fim, uma breve consideração acerca da chegada da AD no Brasil, em função da abertura política brasileira, a qual lhe permitiu que florescesse. Num segundo momento, tentamos descrever a tela, circundá-la, para enxergar como ela se comporta enquanto suporte de leitura/escrita e enquanto espaço a partir do qual enunciados irrompem em uma condição própria de existência: a eletrônica. Para melhor compreendê-la como espaço, partimos da noção foucaultiana de “heterotopia”, que caracteriza os lugares que se encontram em relação de inversão ou contradição a todos os outros lugares existentes em uma sociedade. O ciberespaço, portanto, aproxima-se sobremaneira dessa noção, ao passo que submete os indivíduos a seus modelos maquínicos e multimodais/multimidiáticos, estabelecendo-se como espaço-outro. Num terceiro momento, isolando esses enunciados derivados eletronicamente do ambiente virtual, analisamo-os segundo os aparatos teóricos e metodológicos da AD, a saber: gêneros do discurso (de M. Bakhtin); identidade (Z. Bauman e M. Foucault); formação discursiva (a partir de Pêcheux e Foucault); e arquivo (através de Pêcheux, , Guilhaumou, Maldidier e Foucault). Por fim, fizemos uma análise arqueológica de alguns sites de relacionamento que prometem o encontro de pessoas cujos perfis semelhantes podem ser aproximados pela rede. São eles: Parperfeito, Namoro on-line e Match.com. Concluímos, assim, que o ciberespaço pode se caracterizar como um objeto válido e fecundo a ser tomado pelos estudos do discurso, pelo fato de envolver os discursos que nele circulam em regras próprias de existência, condições de produção específicas. O ciberespaço, hoje, é um lugar que agrega práticas derivadas de nossa modernidade líquida, fluida, e reflete muito de nosso momento histórico.

Orientação: Maria do Rosário V. Gregolin
Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa
Bolsa: CNPq

(Resumo) Discurso e memória na escrita confessional de Lori Lamby, em O caderno rosa de Hilda Hilst

Jaciane Martins Ferreira (UFU)
Email: ferreira_jaci@hotmail.com

O Caderno Rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst, se constitui no corpusde nossa pesquisa de mestrado. Esse Livro traz a história de uma garota de oito anos que relata suas possíveis experiências sexuais em um diário, seu caderno rosa. Ao laçarmos nosso para a obra em foco, percebemos que se trata de uma escrita confessional. De acordo com Foucault (1998), no século XVII, a confissão foi imposta, pela igreja católica, como um meio de controle tornando-se, assim, uma maneira da igreja saber o que se passava com as pessoas, inclusive no que diz respeito aos prazeres. A partir desse momento o sexo começou a ser discursivisado. Nesse sentido, poderemos verificar a construção da sexualidade como objeto histórico e produção de saber, analisando os procedimentos de controle e resistência na obra. Pensando sobre a maneira como a memória pode ser recuperada, por meio de imagens evocadas a partir da justaposição de discursos, buscaremos suporte nas reflexões de Courtine (1999), que rearticula, na direção apontada por Michel Foucault, os cruzamentos lingüísticos com a história. Para nossa análise, partiremos da identificação dos enunciados nos extratos a serem analisados, para tanto, usaremos os postulados de Foucault sobre enunciado. Considerando um conjunto de signos como enunciado, é preciso que a posição do sujeito-enunciador seja assinalada; nesse sentido, uma palavra ou frase pode ser usada da mesma maneira em momentos diferentes podendo ser determinada como diferentes enunciados. Tendo, então, uma formulação do enunciado, que aponta para uma posição sujeito sócio-historicamente marcada, não se trabalha com a relação entre autor e obra, visa, de acordo com Foucault, a determinar a posição que pode e deve ocupar cada indivíduo para ser sujeito. Em seguida, refletiremos sobre a memória a partir do que tais enunciados trazem à tona; para tanto, nos basearemos no conceito de memória discursiva, proposto por Courtine, como o que se estabelece devido a uma existência histórica do enunciado no interior de práticas discursivas e possibilita-nos alcançar uma maior interpretação do enunciado a ser lido.

Orientação: Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes

(Resumo) Troca de família: discutindo o conceito de família na contemporaneidade

Sílvia Maria Alencar Silva
UESB

Neste trabalho, procuramos investigar à luz da Análise do Discurso francesa e dos pressupostos de Michel Foucault, a constituição identitária de família na contemporaneidade, como uma sociedade disciplinar que estabelece regras, dentro da qual se moldam sujeitos e cada um tem seu papel definido.Sendo o sujeito determinado pelo momento social e histórico em que vive, faremos uma análise de sua constituição tomando como corpus um reality show denominado Troca de família, transmitido pela Rede Record de televisão desde setembro de 2006 e baseado no reality show americano Trading Spouses, no qual duas famílias de contextos sócio-econômico distintos trocam suas mães por uma semana. Elas são submetidas às mais diversas situações dentro das novas famílias e este deslocamento de corpos é responsável por uma série de conflitos. A temática do programa gira em torno da família, tomando como exemplo as duas famílias participantes. Dentro desse acontecimento, permeado por diálogos e imagens, observaremos as relações de poder e saber entre os sujeitos e como eles se manifestam; faremos uma descrição dos enunciados verbais e não verbais produzidos, procurando identificar dispersões e singularidades no interior dos mesmos, além de identificar as memórias que eles resgatam através de uma interposição de imagens significativas do programa e de fotografias de família antigas, recorrendo, para isso, a um processo denominado intericonicidade, introduzido na Análise do Discurso por Jean-Jacques Courtine. e retomado por Nilton Milanez. Propomos ainda, alguns questionamentos. Por que estabelecer um determinado modelo de família como o único e não considerar outros? Qual a função da memória nos enunciados verbais e não verbais do programa? Que efeitos de sentido eles produzem? E por que a irrupção desse discurso no atual momento?

PALAVRAS-CHAVE: família, mídia, sujeito, discurso.

(Resumo) Doadores de órgãos: a construção da verdade em jornais impressos do Sudoeste da Bahia

Jussara dos Santos Matos
UESB

Este trabalho tem por objetivo analisar como se constituiu o discurso dos sujeitos nos jornais impressos da região do Sudoeste da Bahia em relação ao fato de ser ou não-doador de órgãos e tecidos. Buscaremos problematizar e analisar à luz da Análise do Discurso, cujos postulados se inscreverem na Ordem do discurso de Michel Foucault, como essa verdade se constituiu a partir das informações obtidas sobre o que vem a ser transplante e doação de órgãos e tecidos mediante aquilo que leram nos jornais impressos da região do Sudoeste da Bahia. Iremos, também, problematizar questões relacionadas à vulgarização do discurso científico, a construção de sentido na sociedade, as relações de poder entre sujeito e instituição e a questão de se pensar a própria morte.

Palavras-chave: corpo, discurso, divulgação científica, doação de órgãos, mídia.

(Resumo) Discurso e práticas jurídicas: materialidades discursivas em crimes de lesão corporal

Gleyson Lima Santos
(UESB/PIBIC/FAPESB)

Propõe-se investigar a discursivização dos processos em torno do crime de lesão corporal previsto no artigo 129 do Código Penal brasileiro – mais especificamente: a problemática que envolve as subjetividades que constituem as suas diversas modalidades qualificadoras –, isto é, as causas, os motivos e as circunstâncias de meio (políticas, ideológicas e sociais) e de inconsciente geradoras das diferenças de significado, da controvérsia nos litígios, da necessidade à proteção do corpo como bem da vida e assim por diante. Para tanto, utilizando a desconstrução dessas materialidades discursivas, identificaremos os funcionamentos discursivos que promovem os diferenciados efeitos de sentido e o que faz com que o legislador, compreendendo sua posição de sujeito e dado ao caráter dinâmico da norma, a dividir o tipo penal em condutas leves e mais graves, tratando as práticas de maneira diferenciada, de acordo com seu grau de reprobabilidade, e a maneira pela qual a sociedade interpreta (e redefine) os conceitos dispostos pelo texto legal e demais fontes do direito penal. Tomaremos como corpus, destarte, processos criminais, busca de acórdãos na jurisprudência e pesquisa na doutrina jurídica, tomando os postulados da Análise de Discurso de orientação francesa, destacando os trabalhos de Michel Foucault e os estudos de Michel Pêcheux. Debuxam-se, nessa linha, posições que formatam a constituição de verdades no interior de práticas judiciárias dentro do sistema penal brasileiro, colocando o corpo no centro das problematizações acerca de sua apropriação e investigação no que se refere à constituição das práticas jurídicas. Logo, o corpo será tomado como acontecimento discursivo, pois se torna materialidade imprescindível para compreender como se processa a construção do discurso que delimita o que é uma ofensa à integridade corporal ou à saúde grave e o que é uma ofensa gravíssima, assim como a caracterização do ato que resulta na discursivização do que se considera perigo de vida ou nos procedimentos de controle que envolvem os jogos de poder do ato agravado por se tratar de ofensa contra menor ou idoso, ou mesmo nas lesões causadas por violência doméstica e familiar contra a mulher. As diversas nuanças que o interpretador da norma legal deve identificar, e comprovar, de modo a delimitar a incidência, ou não, de circunstância apenatória que qualifica (no sentido de majorar) ou que privilegia nos permitem empregar o corpo do sujeito como fonte de sentido, tanto para a consecução da aplicação da lei, como para a reformulação dos sentidos e conseqüente reconstrução das bases mutáveis em que se desenvolve a norma através da história. Tal investigação nos possibilitará configurar um pequeno quadro do sujeito e da ordem do discurso na qual ele se insere nesse momento histórico determinado, apontando o que pode e deve ser dito no seio da ordem jurídica, ao mesmo tempo em que identifica no processo histórico e no momento de realidade em si as causas que condicionam os variados efeitos de sentido em relação ao corpo. A série discursiva que se depreende da regularidade dos enunciados apontados possibilita a construção das identidades brasileiras e de seus costumes, compondo fonte para a discursivização da própria norma e da conseqüente legitimação do ius puniendi estatal.

Palavras-chave: Discurso; identidade; lesão corporal; práticas jurídicas.

(Resumo) O corpo como campo discursivo e a construção de identidades nas escolas do MST

Fernanda Castro
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

O presente artigo propõe-se analisar como se dá, discursivamente, a construção das escolas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a partir de duas matérias sobre a escola do movimento, publicadas pelo jornal online A Semana da cidade de Vitória da Conquista na região Sudoeste da Bahia, averiguando a formação de identidades a partir desse discurso. Pretendo, também, com o embasamento da Análise do Discurso de linha Francesa, fundamentada nos escritos de Michel Foucault, estudar como a partir de memória e da posição que o jornal assume na história é feita a construção de identidades do movimento MST e de que forma são travadas as relações de poder no interior do seu âmbito educacional, entendendo esse espaço enquanto uma doutrina, que carrega o discurso da educação como ação libertadora e que, portanto, está inserido em uma Ordem do Discurso. Estudo a construção de sujeitos tendo o corpo como um espaço discursivo, um produtor e receptor de discursos, um agente social e histórico, que é perpassado por vários discursos e tem na mídia uma das ferramentas para a sua construção e adquire formas da posição que assume. O artigo analisa deste modo, a posição destes sujeitos, a partir de seus corpos, não se tratando neste discurso do corpo físico, mas de uma metaforização, em relação ao formato de educação proposto pelo movimento sem terra. Investigo, a partir dos estudos do conceito de verdade Foucaultiano, os efeitos de sentidos produzidos pelas reportagens sobre o MST, e as possíveis resistências nascidas no interior do discurso publicado por essa nova mídia eletrônica. Abordo ainda os procedimentos de controle usados pelo site online conquistense, para um entendimento da sua ação no seu público leitor, bem como o desenvolvimento de um progressivo formato estereotipado de discurso usado em relação à educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Palavras – Chave: Discurso, jornal, corpo, MST, escola.

(Resumo) SuperNanny: O sujeito discursivo e a disciplinarização dos corpos

Carolina Coelho Pinheiro (UESB)
carol_coelho@msn.com

O presente trabalho se insere na Análise do Discurso de orientação francesa e mobiliza conceitos e articulações sobre Discurso desenvolvidas no Brasil em torno de Michel Foucault. O tema proposto “SuperNanny: O sujeito discursivo e a disciplinarização dos corpos” coloca em relação à formatação de uma determinada moralidade sobre o corpo, observada a partir do programa televisivo “SuperNanny”. Buscando analisar os mecanismos de controle que esta mídia produz e os efeitos de resistência experienciados pelos espectadores, o tomaremos como objeto para o desenvolvimento deste estudo, trabalhando com a noção de “governametalidade” compreendida por Foucault. O estudo dos mecanismos de controle e resistência produzidos virtualmente viabiliza e faz proliferar os discursos sobre o corpo, monitorando idéias e, não paradoxalmente, incitando a recriação de discursos, ao colocar o sujeito mediante seu exercício de liberdade frente às relações de poder da qual participa tanto institucionalmente quanto em suas relações interindividuais. O corpo pode ser compreendido em suas relações de disciplina e controle, rede intricada de relações de poder, tanto em nível institucionais quanto domésticos. Quando tomado como objeto discursivo o corpo promove uma discussão aguda e extremamente relevante sobre a constituição dos sujeitos e a formação de suas identidades. Ao observar o programa “SuperNanny”, veiculado pelo canal SBT, podemos analisar a produção discursiva que envolve o corpo e suas técnicas de disciplinarização e controle, que apresentam formas de gerenciamento dos sujeitos por meio de uma pedagogia da prática cotidiana. A SuperNanny ,Cris Poli, utiliza métodos de ensino disciplinares, que podem ser compreendidos sob a luz das técnicas de coerção descritas por Michel Foucault: “Como vigiar alguém, como controlar sua conduta, seu comportamento, suas atitudes” (FOUCALT apud REVEL, 2005, p.35). Em primeiro instante, a governanta observa o cotidiano da família e analisa toda rotina. Após estabelecer as regras a SuperNanny deixa o lar sob a vigilância de uma câmera monitorando a distância. O cumprimento ou não das regras leva ao método de recompensa ou ao “cantinho da disciplina”. Considerando a pedagogia disciplinar pode-se concluir que o programa “SuperNanny” nos possibilita compreender as relações de poder que envolve o governo de si e suas extensões em relação ao governo dos outros, considerando a disciplina que incide diretamente sobre o controle da administração do tempo e dos corpos.

(Resumo) Corpo e identidade na poética de Antunes

Antônio Fernandes Júnior – UFG/CAC
tonyfer@uol.com.br

A poesia de Arnaldo Antunes produz-se em um interstício de linguagens, envolvendo as experiências do poeta com a palavra cantada (o rock), com a poesia visual, com as artes plásticas, com a poesia concretista, com a vídeo-poesia, para citar estes exemplos. Esse entrecruzamento de linguagens, tão característico da poesia de Antunes, configura-se como um espaço capaz de oferecer diferentes leituras sobre a realidade sociocultural, tornando-se um campo de observação privilegiado sobre diversas questões, como, por exemplo, a subjetividade. Além da mistura de códigos, percebe-se, na obra deste poeta, a criação de expressões lingüísticas (fusão de palavras, deslocamentos lexicais, quebra de palavras, etc.) que surgem do experimentalismo com a linguagem para instaurar uma nova situação, seja ela de classe social, sexo, identidade cultural, etc. Tal estratégia discursiva possibilita reflexões sobre a condição do sujeito no contexto atual, seja pelas relações entre sujeito e espaço urbano, seja pelas as construções identitárias pelas quais os sujeitos se reconhecem. Assim, considerar o discurso, segundo Foucault (1995), como um campo de regularidade para diversas posições de subjetividade, leva-nos a refletir sobre as diferentes posições do sujeito adotadas nos poemas de Antunes, sejam elas voltadas para o erótico, passando pelo corpo e pela sexualidade, seja para o sujeito e sua relação consigo e com o que o cerca. A questão que se coloca é, então, quais são as metamorfoses do sujeito e da linguagem na obra desse poeta? No entanto, como não temos a pretensão de esgotar o assunto, destacaremos alguns poemas para desenvolver este estudo, com o objetivo de evidenciar alguns caminhos e/ou descaminhos da subjetividade na obra do referido poeta. Nossa proposta será a de observar como determinados procedimentos de construção lingüística e posições-sujeito adotadas criam efeitos identitários específicos, sobretudo, no tocante a relação corpo/subjetividade.

(Resumo) O discurso sobre o corpo velho: propagandas governamentais

Fernanda Fernandes Rivera
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

O corpo no século XXI ocupa um lugar central no que se refere ao exercício sobre o domínio de si, sobre seu corpo e concomitantemente criam-se identidades que se (des) constroem, (re) modelam identidades líquidas que se vêem absolutas, singulares. O corpo, portanto, é o visível, é preciso mostrar: não se trata de qualquer corpo, mas o corpo jovem. Em face às ideologias e à mídia, que prescrevem comportamentos é que parte esse conhecimento do corpo, enquanto sujeito na elaboração de uma imagem de si. Posto isso, o nosso interesse é investigar o corpo que foge aos discursos de padrões de beleza, relegado às campanhas de saúde do governo e, também, às propagandas de agências de turismos: o corpo velho. Pretendemos efetuar uma análise acerca do corpo velho que produz efeitos de sentido na medida em que o discurso do “velho” produzido permeia conflitos-contradições, ora agindo positivamente, ora negativamente a depender do contexto. A velhice é uma representação socialmente construída e sua produção de sentido está vinculado à relação sócio-histórica que projeta à memória o velho/idoso como inútil, incapaz, improdutivo, naturalizando a velhice como doença, sofrimento, morte. Neste contexto atuam as propagandas governamentais (re) definindo comportamentos e valores que são voltados para o respeito/cuidados ao corpo velho não propriamente pelo desejo de saúde, mas principalmente por questões mercadológicas de nossa sociedade moderna. Esta sociedade moderna, caracterizada pelo consumo, por sua vez difunde o corpo jovem como padrão pelos efeitos de sentidos produzidos e justificado pelo imaginário como que normalmente associado ao belo, bom, capaz, útil, forte; então, as propagandas governamentais dão novas formas de subjetividade, outras significações para a velhice, que se antes não eram vistos como um público consumidor torna-se referência para o consumo quando produz o discurso que ser/ter o velho é ser/ter o antiquado, é preciso, pois buscar o novo/jovem. Para tanto, serão utilizados para efeito de comparação e melhor compreensão os discursos produzidos pelo corpo velho, entendendo o corpo como produtor de sentidos, nas diversas propagandas em que a velhice é negada; propagandas nas quais se preconiza o rejuvenescimento e, sobretudo a juventude, principalmente porque estamos inseridos num meio no qual o Corpo é/se torna assujeitado pelo discurso da beleza. Para fazer tal análise consideraremos os postulados da Análise do Discurso de orientação francesa destacando os trabalhos de Michel Foucault e das construções discursivas elaboradas pelas propagandas governamentais cujo público alvo são os idosos.

Palavras Chaves :Discurso, Velho, Corpo, Memória

(Resumo) Discurso de marketing: uma análise do corpo cultural através da sua comunicação de venda

Camila Teles Barbosa (UESB)
milatelesb@gmail.com

Este projeto de pesquisa efetua uma análise acerca do discurso de sujeitos providos de cultura no momento em que comercializam alguma coisa. Objetivamos, então, estudar os efeitos de sentido produzidos por meio dos discursos do corpo cultural e a sua necessidade de comunicação por meio dos postulados da Análise do Discurso e suas relações discursivas. Para tanto, efetuarmos pesquisas que dizem respeito à sociedade e aos discursos nela materializados. A cultura tal qual pretendemos estudar é aquela que parte da cultura de raiz e do contato com o ambiente social do sujeito, compreendendo como cultura, manifestações realizadas por meio das linhas de conhecimento, cuja partida se dá por meio de fatores sócio-históricos. A identidade de cada sujeito é delineada por marcas de um coletivo. O estudo comportamental do ser humano se abastece do esclarecimento quanto às questões sociais de mudança e evolução. Tendo em vista a necessidade da comunicação e do trabalho para a sobrevivência dos sujeitos, considera-se o marketing como elemento de junção dessas premissas; para vender é necessário comunicar e para comunicar uma venda é necessário um projeto de venda (marketing). Para a compreensão da constituição do discurso no corpo cultural comerciante, fez-se necessário entender o projeto de venda deste corpo por meio da sua marca identitária, pois ele vende o produto propagando as suas expressões culturais. Tomamos como corpus, portanto, o vídeo Pamonha de Cajazeira, disponibilizado no endereço eletrônico Youtube, evidenciando as identidades culturais comerciantes constituídas no seu interior, seguindo os preceitos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de orientação francesa, destacando os postulados de Michel Foucault. Para o filósofo, o corpo é definido como forma material repleta de discursos que se materializam também no sentido de sociedade, já que cada sujeito ajuda na composição do todo, e este todo colabora na composição de cada sujeito. Toda investigação baseada na comunicação do corpo cultural e nas suas manifestações discursivas, possibilitou-nos entender e configurar um quadro do sujeito incluído na ordem discursiva do seu grupo, apontando as vertentes culturais de uma identidade.

(Resumo) Sujeito e Mídia: a construção do ‘pobre’ na TV

Sujeito e Mídia: a construção do ‘pobre’ na TV[1]

Ana Oliveira
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Este estudo tem como objetivo, com base na Análise do Discurso fundamentada nos postulados de Michel Foucault, estudar os mecanismos midiáticos, que produzem construções televisivas acerca do cidadão comum, pertencente ao grupo dos excluídos da sociedade. Para isso, analisaremos matérias dos programas Bahia Meio Dia, da TV Bahia, afiliada da Rede Globo, e Que Venha O Povo, da TV Aratu, afiliada do SBT. O sujeito sempre será considerado como integrante de uma conjuntura social, sendo marcado por aspectos históricos e ideológicos, por isso, discursivos. Buscaremos analisar também as construções discursivas das notícias, observando os efeitos de sentido que produzem uma espetacularização dos acontecimentos, procurando entender os mecanismos que estabelecem a idéia de espetáculo. Também, investigaremos como as técnicas de controle agem sobre os sujeitos espectadores e de que forma eles estabelecem suas resistências. Esperamos que este estudo possa contribuir para uma reflexão dos discursos televisivos que retratam o sujeito “pobre” e produzem uma identidade estereotipada para todos aqueles que fazem parte do grupo que é considerado apenas como “massa”.


[1] Projeto de Pesquisa: “Corpo e Discurso: lugares de memórias das identidades brasileiras na mídia e na literatura”, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB/Vitória da Conquista; coordenado pelo professor Dr. Nilton Milanez.

(Resumo) Conferência: Discurso Político e Memória

Joseane Silva Bittencourt[1]
Lyzânias Gomes Pereira[2]
Ramone Costa Santos[3]

Resumo:

Objetiva-se com este trabalho discutir os conceitos de homogeneidade e heterogeneidade relacionados com os conceitos de interdiscurso e intradiscurso presentes no discurso político. Utilizaremos como referencial teórico o texto Linguagem, Discurso Político e Ideologia, do estudioso Jean-Jacques Courtine, que postula que todo discurso produzido por um sujeito de uma formação discursiva está dependente do interdiscurso que lhe é fornecido por elementos anteriores, que podem ser retomados pelas formulações as quais o enunciado se refere (intradiscurso), implicitamente ou não. Dessa forma, a ideia de heterogeneidade discursiva sustenta a construção do discurso marcada por uma outra voz além da voz do enunciador. O corpus de análise é constituído por uma carta assinada pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva em 2002, quando ainda candidato à presidência da República, além de uma gravação que captou uma conversa informal entre o presidente brasileiro, o primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd e o presidente dos EUA, Barack Obama antes da reunião do G-20 em Londres, em abril de 2009. Selecionamos ainda posts retirados de blogs de alguns jornalistas que repercutiram o evento-pauta “Lula é o cara”.

Palavras-chave: Discurso político, interdiscurso, intradiscurso, heterogeneidade.


[1] Bacharel em Comunicação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB e graduada em Letras Modernas pela mesma instituição.

[2] Graduada em Letras Modernas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

[3] Graduada em Letras Modernas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

(Resumo) A Construção dos Sentidos em Propagandas de Livros Didáticos

Layane Dias Cavalcante Viana
Orientador: Prof. Dr. Nilton Milanez

Resumo

A análise do discurso é um campo de pesquisa cujo objetivo é compreender a produção social dos sentidos, por meio de materialidades de linguagens verbais e não-verbais. Dessa forma, o presente trabalho visa investigar o(s) discursos(s) disseminado(s) pelas propagandas em livros didáticos, através da materialidade lingüística e imagética por elas apresentadas, analisando, de forma específica, como são construídos os sentidos nessas propagandas. Reconhecemos, então, que a propaganda é uma das vertentes midiáticas de ampla circulação nas sociedades atuais e que esta recorre, a todo o momento, à memória discursiva e imagética, a fim de recolocar ou até mesmo, deslocar sentidos estabelecidos, cristalizados. Assim, tomamos como base, para ler e analisar o(s) discurso(s) dessas propagandas o arcabouço teórico da Analise do Discurso (AD) de linha francesa, dando destaque aos postulados de Michel Foucault, bem como a alguns conceitos específicos da AD, a exemplo dos conceitos de memória discursiva e intericonicidade os quais foram estabelecidos pelo teórico francês Jean-Jacques Courtine. E além de fazermos menção aos conceitos supracitados, investigaremos, também, os procedimentos de controle externos e internos, propostos por Foucault em “A ordem do discurso” (1999), que subjazem este(s) discurso(s). Posto isto, o objetivo final deste trabalho constitui-se em apontar os intricamentos discursivos entre os dois campos em que se fundamenta a pesquisa: o pedagógico e o midiático, colaborando, assim, para um olhar diferenciado em relação ao(s) discurso(s) veiculado(s) pelos livros didáticos através das propagandas que os compõem.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Intericonicidade — Entre(vista) com Jean-Jacques Courtine

Com exclusividade, exibimos a entrevista com Jean-Jacques Courtine realizada por Nilton Milanez em Outubro de 2005 em Paris sobre Intericonicidade. Este projeto fez parte dos trabalhos desenvolvidos pelo Prof. Nilton nos seminários dos quais participou como estagiário de pesquisas na Université Sorbonne Nouvelle Paris III, dentro do quadro das discussões sobre a Análise do Discurso no Brasil e na França.

O vídeo que se segue constitui matéria importantíssima para entender a problematização de Courtine sobre imagem e memória, compondo mais um conteúdo de fácil acesso trazido pelo blog a fim de facilitar as pesquisas bibliográficas daqueles que desejam iniciar/intensificar seus estudos na Análise do Discurso.

A imagem “http://st.deviantart.com/styles/minimal/minish/spitbite/cclogo-deviation.png/1.png” contém erros e não pode ser exibida.

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Gleyson Lima

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Perfil: FERREIRA, J. M.

jaciane Jaciane Martins Ferreira (UFU)

Email: ferreira_jaci@hotmail.com

Currículo Lattes: ___________________________

Discurso e memória na escrita confessional de Lori Lamby, em O caderno rosa de Hilda Hilst

Orientador: Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes

O Caderno Rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst, se constitui no corpus de nossa pesquisa de mestrado. Esse Livro traz a história de uma garota de oito anos que relata suas possíveis experiências sexuais em um diário, seu caderno rosa. Ao laçarmos nosso para a obra em foco, percebemos que se trata de uma escrita confessional. De acordo com Foucault (1998), no século XVII, a confissão foi imposta, pela igreja católica, como um meio de controle tornando-se, assim, uma maneira da igreja saber o que se passava com as pessoas, inclusive no que diz respeito aos prazeres. A partir desse momento o sexo começou a ser discursivisado. Nesse sentido, poderemos verificar a construção da sexualidade como objeto histórico e produção de saber, analisando os procedimentos de controle e resistência na obra. Pensando sobre a maneira como a memória pode ser recuperada, por meio de imagens evocadas a partir da justaposição de discursos, buscaremos suporte nas reflexões de Courtine (1999), que rearticula, na direção apontada por Michel Foucault, os cruzamentos lingüísticos com a história. Para nossa análise, partiremos da identificação dos enunciados nos extratos a serem analisados, para tanto, usaremos os postulados de Foucault sobre enunciado. Considerando um conjunto de signos como enunciado, é preciso que a posição do sujeito-enunciador seja assinalada; nesse sentido, uma palavra ou frase pode ser usada da mesma maneira em momentos diferentes podendo ser determinada como diferentes enunciados. Tendo, então, uma formulação do enunciado, que aponta para uma posição sujeito sócio-historicamente marcada, não se trabalha com a relação entre autor e obra, visa, de acordo com Foucault, a determinar a posição que pode e deve ocupar cada indivíduo para ser sujeito. Em seguida, refletiremos sobre a memória a partir do que tais enunciados trazem à tona; para tanto, nos basearemos no conceito de memória discursiva, proposto por Courtine, como o que se estabelece devido a uma existência histórica do enunciado no interior de práticas discursivas e possibilita-nos alcançar uma maior interpretação do enunciado a ser lido.

Perfil: SILVA, M. A. S.

Cópia de DSC09987 Sílvia Maria Alencar Silva é Especialista em Leitura e Literatura Infanto-Juvenil pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB. Aluna voluntária do Grupo de Estudos sobre o Discurso e o Corpo coordenado pelo professor Nilton Milanez.

E-mail: silvinhaalencar_@hotmail.com

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4114598727694225

Troca de família: discutindo o conceito de família na contemporaneidade

Orientação: Profº. Drº.Nilton Milanez

RESUMO:

Neste trabalho, procuramos investigar à luz da Análise do Discurso francesa e dos pressupostos de Michel Foucault, a constituição identitária de família na contemporaneidade, como uma sociedade disciplinar que estabelece regras, dentro da qual se moldam sujeitos e cada um tem seu papel definido. Sendo o sujeito determinado pelo momento social e histórico em que vive, faremos uma análise de sua constituição tomando como corpus um reality show denominado Troca de família, transmitido pela Rede Record de televisão desde setembro de 2006 e baseado no reality show americano Trading Spouses, no qual duas famílias de contextos sócio-econômico distintos trocam suas mães por uma semana. Elas são submetidas às mais diversas situações dentro das novas famílias e este deslocamento de corpos é responsável por uma série de conflitos. A temática do programa gira em torno da família, tomando como exemplo as duas famílias participantes. Dentro desse acontecimento, permeado por diálogos e imagens, observaremos as relações de poder e saber entre os sujeitos e como eles se manifestam; faremos uma descrição dos enunciados verbais e não verbais produzidos, procurando identificar dispersões e singularidades no interior dos mesmos, além de identificar as memórias que eles resgatam através de uma interposição de imagens significativas do programa e de fotografias de família antigas, recorrendo, para isso, a um processo denominado intericonicidade, introduzido na Análise do Discurso por Jean-Jacques Courtine. e retomado por Nilton Milanez. Propomos ainda, alguns questionamentos. Por que estabelecer um determinado modelo de família como o único e não considerar outros? Qual a função da memória nos enunciados verbais e não verbais do programa? Que efeitos de sentido eles produzem? E por que a irrupção desse discurso no atual momento?

PALAVRAS-CHAVE: família, mídia, sujeito, discurso.

Perfil: MAZZOLA, R. B.

eu Renan Belmonte Mazzola – UNESP/Car

Membro do GEADA (Grupo de estudos em Análise do Discurso de Araraquara) e do GRUDIOCORPO (Grupo de estudos sobre o discurso e o corpo).
Email: renanbm@yahoo.com

Análise do discurso e ciberespaço

Orientação: Maria do Rosário V. Gregolin
Programa de Pós-Graduação em Linguística e Língua Portuguesa
Bolsa: CNPq

Nossa pesquisa, realizada na Unesp/Araraquara, sob a orientação da prof. Dra. Maria do Rosário V. Gregolin, tem como objetivo principal compreender o ciberespaço através do mirante da Análise do Discurso de linha francesa, derivada dos trabalhos de Michel Pêcheux (e de seu grupo) e dos diálogos que ele traça com Michel Foucault e Mikhail Bakhtin. Num primeiro momento da pesquisa, trabalhamos com um “retorno à teoria” da AD, resgatando as suas três épocas e entendendo como se deram as reformulações pelas quais passou desde sua emergência, em 1969, até seu último estágio – retratado nos textos posteriores à década de 1980. Procuramos compreender também o lugar que Michel Foucault ocupa no interior da teoria discursiva de Pêcheux. Fizemos, por fim, uma breve consideração acerca da chegada da AD no Brasil, em função da abertura política brasileira, a qual lhe permitiu que florescesse. Num segundo momento, tentamos descrever a tela, circundá-la, para enxergar como ela se comporta enquanto suporte de leitura/escrita e enquanto espaço a partir do qual enunciados irrompem em uma condição própria de existência: a eletrônica. Para melhor compreendê-la como espaço, partimos da noção foucaultiana de “heterotopia”, que caracteriza os lugares que se encontram em relação de inversão ou contradição a todos os outros lugares existentes em uma sociedade. O ciberespaço, portanto, aproxima-se sobremaneira dessa noção, ao passo que submete os indivíduos a seus modelos maquínicos e multimodais/multimidiáticos, estabelecendo-se como espaço-outro. Num terceiro momento, isolando esses enunciados derivados eletronicamente do ambiente virtual, analisamo-os segundo os aparatos teóricos e metodológicos da AD, a saber: gêneros do discurso (de M. Bakhtin); identidade (Z. Bauman e M. Foucault); formação discursiva (a partir de Pêcheux e Foucault); e arquivo (através de Pêcheux, , Guilhaumou, Maldidier e Foucault). Por fim, fizemos uma análise arqueológica de alguns sites de relacionamento que prometem o encontro de pessoas cujos perfis semelhantes podem ser aproximados pela rede. São eles: Parperfeito, Namoro on-line e Match.com. Concluímos, assim, que o ciberespaço pode se caracterizar como um objeto válido e fecundo a ser tomado pelos estudos do discurso, pelo fato de envolver os discursos que nele circulam em regras próprias de existência, condições de produção específicas. O ciberespaço, hoje, é um lugar que agrega práticas derivadas de nossa modernidade líquida, fluida, e reflete muito de nosso momento histórico.