quinta-feira, 13 de agosto de 2009

(Resumo) O discurso sobre o corpo velho: propagandas governamentais

Fernanda Fernandes Rivera
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

O corpo no século XXI ocupa um lugar central no que se refere ao exercício sobre o domínio de si, sobre seu corpo e concomitantemente criam-se identidades que se (des) constroem, (re) modelam identidades líquidas que se vêem absolutas, singulares. O corpo, portanto, é o visível, é preciso mostrar: não se trata de qualquer corpo, mas o corpo jovem. Em face às ideologias e à mídia, que prescrevem comportamentos é que parte esse conhecimento do corpo, enquanto sujeito na elaboração de uma imagem de si. Posto isso, o nosso interesse é investigar o corpo que foge aos discursos de padrões de beleza, relegado às campanhas de saúde do governo e, também, às propagandas de agências de turismos: o corpo velho. Pretendemos efetuar uma análise acerca do corpo velho que produz efeitos de sentido na medida em que o discurso do “velho” produzido permeia conflitos-contradições, ora agindo positivamente, ora negativamente a depender do contexto. A velhice é uma representação socialmente construída e sua produção de sentido está vinculado à relação sócio-histórica que projeta à memória o velho/idoso como inútil, incapaz, improdutivo, naturalizando a velhice como doença, sofrimento, morte. Neste contexto atuam as propagandas governamentais (re) definindo comportamentos e valores que são voltados para o respeito/cuidados ao corpo velho não propriamente pelo desejo de saúde, mas principalmente por questões mercadológicas de nossa sociedade moderna. Esta sociedade moderna, caracterizada pelo consumo, por sua vez difunde o corpo jovem como padrão pelos efeitos de sentidos produzidos e justificado pelo imaginário como que normalmente associado ao belo, bom, capaz, útil, forte; então, as propagandas governamentais dão novas formas de subjetividade, outras significações para a velhice, que se antes não eram vistos como um público consumidor torna-se referência para o consumo quando produz o discurso que ser/ter o velho é ser/ter o antiquado, é preciso, pois buscar o novo/jovem. Para tanto, serão utilizados para efeito de comparação e melhor compreensão os discursos produzidos pelo corpo velho, entendendo o corpo como produtor de sentidos, nas diversas propagandas em que a velhice é negada; propagandas nas quais se preconiza o rejuvenescimento e, sobretudo a juventude, principalmente porque estamos inseridos num meio no qual o Corpo é/se torna assujeitado pelo discurso da beleza. Para fazer tal análise consideraremos os postulados da Análise do Discurso de orientação francesa destacando os trabalhos de Michel Foucault e das construções discursivas elaboradas pelas propagandas governamentais cujo público alvo são os idosos.

Palavras Chaves :Discurso, Velho, Corpo, Memória

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